É 2025 e estamos todos viciados. Ok, me abstenho de falar por ti e por todos os outros 8bi de humanos na face da terra atualmente. Falo por mim e por quem está na minha bolha. Estamos viciados em telas, estamos adoecidos pela dopamina fácil e barata, estamos perdendo capacidade crítica, raciocínio lógico, socialização e conexão. Não tem nenhuma novidade aqui nesse primeiro parágrafo, sei que quem está lendo provavelmente balança sua cabeça positivamente. E quem não está talvez esteja iludida achando que ainda não foi mordida pelo bicho dos videos curtos.
Faz tempo que circulam por aí algumas estratégias para deixar de lado as telas por algumas horas do dia. E eu já testei todas. Coloquei tempo máximo para as redes - e eu mesma me boicotava colocando a senha para mais 15 minutos. Deixei o telefone em outra peça da casa (e até dentro de uma gaveta) e quando percebi estava lendo timelines no computador mesmo. A questão é que de verdade, sem exageros, é um vício.
No início desse ano decidi voltar a estudar e de fato, esse movimento me manteve praticamente todas as manhãs sem olhar as redes. Focada e motivada em aprender, desenhar, interagir, eu me sentia livre durante essas horas. Chegando em casa/no ateliê: voltava o vício. Percebendo esse padrão eu sinto que tem um caminho a ser percorrido, tem solução, mas ela não é simples e nem individual - é coletiva e talvez dependa mais de regulamentação do que da nossa força de vontade. Afinal, o fato dos celulares serem proibidos dentro das escolas mudou o comportamento de muita gente - eu inclusa.
Percebendo esse padrão desconfortável, me sentindo emburrecida pelas redes, desmemoriada, desconectada, dependente e ansiosa, recebi essa pedrada na última newsletter da Mandala Lunar:
Quando realizamos que nós e as pessoas que amamos vão morrer, que o nosso tempo e o das pessoas que amamos é finito, podemos tomar esse conhecimento como um chamado para reorganizarmos nossas prioridades e vivermos com mais consciência. Se contemplarmos a finitude com presença, veremos o quanto perdemos nosso tempo com coisas que não são importantes. Rolar o feed infinito do instagram, stalkear pessoas de quem nem gostamos, observar a vida de famosos ostentando seu luxo, brigar por ciúmes, guardar mágoas por besteiras, falar mal de pessoas, passar tempo olhando páginas e páginas de produtos que não precisamos, são todas coisas que só fazem sentido para quem não vive consciente da finitude da vida e da imprevisibilidade do momento da morte.
A newsletter inteira é ótima e recomendo a leitura mas só esse trecho já foi suficiente para uma tomada de consciência, para começar um processo de me policiar - e eu espero que também alcance mais gente. Não temos tempo infinito, nosso tempo está sendo gasto, usado, contado, os grãos de areia estão caindo. Não vai ter prorrogação do prazo quando a hora chegar.
E essas horas todas assistindo bobagem não vão ser devolvidas.
Convites e avisos
#1 OFICINA Na quinta-feira, 21 de agosto, vou ministrar uma oficina de bordado livre no CHC da Santa Casa. A aula inicia as 18h30 e vai até as 21h30. Vou ensinar 4 pontos de bordado, além de falar sobre materiais e possibilidades dentro desse universo. Essa oficina é voltada para iniciantes e também para quem quer relembrar a técnica ou aprender boas práticas.
#2 CLUBE Sabia que eu organizo um clube de bordadeiras, que se encontram uma vez por mês, em manhãs de sábado, para bordar, conversar, passar um tempo juntas? Esse clube tem sócias (participantes fixas) e também visitantes. Em agosto começa um novo ciclo, que vai aceitar novas sócias. Para saber tudo, se inscrever e participar basta entrar nesse grupo do whatsapp. Lembrando que o clube é para quem já sabe bordar.
Indicações
#1 SÉRIE Nine Perfect Strangers é mais uma série da categoria eat-the-rich. Essa segunda temporada deixa transparente a motivação primordial de Masha (personagem da Nicole Kidman), ao refazer o experimento com 9 desconhecidos. É possível assistir pelo prime video.
#2 VIDEO A Gabi Oliveira é uma criadora/influenciadora que eu acompanho há alguns anos. E nesse video ela trouxe reflexões sobre as redes sociais atuais, o vício nos videos curtos - e como eles afetam nossa capacidade de prestar atenção, o tempo de tela cada vez maior, a crise de imagem dos influenciadores, como o mercado de influência está desmoronando e a forma que ela encontrou de lidar com tudo isso.
#3 TUTORIAL Nesse tutorial o Estudio Nomade ensina a fazer uma casinha popup. É um mini livrinho onde cada página aberta se torna um ambiente da casa. <3
#4 INSTA Amo a capivarinha pantaneira e essa é minha reflexão favorita dela.
#5 YOUTUBE A April é uma youtuber que se propõe a viajar pelo mundo ajudando as pessoas a destralharem suas casas. Eu gosto de assistir a essas canais de limpeza, organização, desentulhamento, design de armazenamento - mas o canal dela é especial. Acho que a forma empática e gentil que ela lida com as pessoas, suas casas, seus pertences, seus traumas e questões é que muda tudo. Recomendo especialmente a série na casa da Dani.
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Um abraço e até logo.
P.S.: newsletter escrita pela euforia que uma certa tornozeleira proporcionou.
Ah, e muito maravilhoso ver seus bordados nas capas dos textos!!!!!
Oi Bruna! Adorei a sugestão do tutorial da casinha, vou abrir outro dia pra fazer! Sinto que quando viajo ou estou na presença de alguém que gosto, eu simplesmente esqueço de pegar o celular pra scrollar. Acho que o caminho é realmente ter sempre coisas gostosas pra se fazer presencialmente, tipo clubinho de bordado etc e tal. Vou acompanhar os próximos textos! Bjs